Boavista despede-se da I Liga e enfrenta novo desafio na Liga 3

O Boavista Futebol Clube, um dos mais antigos e respeitados clubes de Portugal, viu-se forçado a descer à II Liga após terminar a última temporada na última posição da I Liga, com apenas 24 pontos. A descida foi confirmada após uma derrota acachapante por 4-1 frente ao Arouca, na 34.ª jornada, encerrando assim um ciclo que durou 11 temporadas consecutivas no principal escalão do futebol português.

A fase de desportiva pela qual o clube atravessou foi marcada por instabilidade, com três treinadores diferentes ao longo da temporada. O italiano Cristiano Bacci iniciou o campeonato, seguido por Lito Vidigal e, por fim, o experiente Stuart Baxter, que assumiu as rédeas durante as últimas cinco jornadas. O interino Jorge Couto teve uma aparição notável ao guiar a equipa a uma vitória sobre o Rio Ave numa fase crítica da competição.

Cientifica-se que o Boavista competiu arduamente com clubes como Farense e AVS, mas uma derrota em casa contra o FC Porto na penúltima jornada trouxe consequências drásticas, empurrando a equipa de novo para o último lugar, uma posição que não conseguiram alterar na última jornada.

Na esfera administrativa, dificuldades persistiram: o clube enfrentou restrições para inscrever novos jogadores em várias janelas de transferências devido a dívidas. Embora a gestão atual tenha mantido os salários em dia, a escassez de opções e a fragilidade do plantel, exacerbada por lesões, comprometeram o desempenho em campo.

O dispensável melhor marcador da época, Miguel Reisinho, contabilizou apenas cinco golos, e o plantel sofreu diversas baixas significativas, incluindo a de Bruno Onyemaechi em janeiro e lesões graves que afetaram a baliza. A SAD, liderada por Fary Faye, falhou em entregar as certidões de não dívida à Autoridade Tributária e à Segurança Social antes do encerramento do prazo para inscrições, resultando na exclusão do clube da competição.

Gérard Lopez, acionista maioritário com um histórico semelhante a clubes como o Bordéus, viu as suas tentativas de injectar recursos financeiros não se concretizarem a tempo para evitar a descida. O Processo Especial de Revitalização (PER), que tinha como objetivo reestruturar 166 milhões de euros de dívida, foi igualmente rejeitado.

O Boavista, quecelebra 122 anos de história em 1 de agosto, vive agora um momento decisivo, podendo regressar à Liga 3 pela primeira vez desde 2013/14, um cenário que levanta preocupações sobre o futuro do clube e a sua capacidade de voltar à elite do futebol nacional.