Conferência em Roma sobre a Recuperação da Ucrânia: Guerra ainda sem solução

A partir de hoje, Roma é o palco da IV Conferência sobre a Recuperação da Ucrânia, uma cimeira de alto nível voltada para a reconstrução a longo prazo deste país, que ainda vive o impacto da invasão russa iniciada em fevereiro de 2022. A presença de líderes mundiais, enquanto a guerra continua, sublinha a urgência do apoio internacional à Ucrânia.

Entre os dignitários presentes no evento, que se estende por dois dias (hoje e sexta-feira), destacam-se a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, António Costa, presidente do Conselho Europeu, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e outros líderes europeus como Friedrich Merz, chanceler da Alemanha, e Donald Tusk, primeiro-ministro da Polónia, que receberá a próxima edição da Conferência em 2026.

A representação dos Estados Unidos será feita pelo enviado especial para a Ucrânia, Keith Kellogg, reflexo de um apoio que tem mostrado alguns sinais de arrefecimento desde a nova gestão de Donald Trump. Portugal está presente através da secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Inês Domingos.

O primeiro dia da conferência coincide com outra reunião internacional dedicada à Ucrânia, realizada no Reino Unido. Por esse motivo, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o presidente francês, Emmanuel Macron, estarão ausentes, preferindo copresidir um encontro relacionado à "Coligação dos Dispostos", que visa manter o apoio militar à Ucrânia e discutir a possibilidade de uma força de manutenção de paz, no caso de um eventual cessar-fogo.

Desde Roma, Meloni, Merz e Zelensky participarão virtualmente na reunião da coligação, que também está aberta a outras nações que desejem contribuir. Zelensky, que já se encontra em Itália desde quarta-feira, foi recebido pelo Papa Leão XIV, ao qual solicitou um empenho do Vaticano para promover uma reunião de alto nível visando o fim das hostilidades.

Com a recente escalada de ataques russos, é esperado que Zelensky utilize a conferência para pedir um reforço nas capacidades de defesa da Ucrânia, além de estabelecer acordos para garantir o fornecimento de energia no país, um setor alvo constante de Moscovo.

Esta cimeira em Roma marca a quarta conferência anual dedicada à recuperação e reconstrução da Ucrânia desde o início da guerra. Nos anos anteriores, as conferências ocorreram em Lugano (Suíça), Londres (2023) e Berlim (2024). O evento reunirá mais de 3.500 participantes, incluindo aproximadamente 100 delegações oficiais e 40 organizações internacionais, bem como representantes de setores financeiros e de empresas, além de membros da sociedade civil e da comunidade ucraniana na diáspora.

O principal objetivo da conferência é mobilizar apoio e investimentos internacionais para a recuperação da Ucrânia, que se encontra agora no quarto ano de conflito, e promover a sua reconstrução e modernização num eventual período pós-guerra. Durante os dois dias, os focos de discussão serão: a dimensão empresarial, a dimensão humana, a dimensão local e regional, e a dimensão da União Europeia (UE).

A realização deste evento assinala o momento em que a Rússia intensifica os seus ataques, demonstrando a tendência de desprezar a possibilidade de um acordo de paz a curto prazo. A situação foi confirmada por Donald Trump, que, após uma conversa com Vladimir Putin, anunciou o reinício do fornecimento de armas a Kiev para garantir a defesa face às agressões russas, que já ceifaram dezenas de milhares de vidas de ambos os lados.

A invasão russa, justificada por Moscovo como uma proteção das minorias separatistas e um processo de "desnazificação", tem gerado uma crescente distância entre a Ucrânia e a influência russa, com o país a inclinar-se cada vez mais para o Ocidente e a União Europeia.