Cooperação do Irão com a AIEA é uma obrigação, afirma Rafael Grossi
O diretor-geral da AIEA reafirmou que a colaboração do Irão no seu programa nuclear continua a ser uma exigência legal, em meio a tensões após votação do parlamento iraniano.

Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), enfatizou hoje que a colaboração do Irão com a agência não é um gesto de boa vontade, mas uma responsabilidade jurídica, considerando que Teerão permanece signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). Esta declaração surge após o parlamento iraniano ter votado a suspensão dos diálogos com a AIEA.
Grossi também alertou sobre a incerteza relativa à localização de cerca de 400 kg de urânio altamente enriquecido, perdendo a AIEA a visibilidade desse material desde que as hostilidades começaram. “Não quero dar a entender que está perdido ou escondido”, afirmou, expressando o desejo de retomar as atividades na região o mais rápido possível.
Em relação a comentários de Donald Trump sobre atrasos no programa nuclear iraniano devido a ataques dos EUA, Grossi mostrou ceticismo, indicando que tais afirmações poderiam ser apenas uma avaliação política.
Hoje, Grossi reuniu-se com o Presidente francês Emmanuel Macron, enquanto o parlamento iraniano discutia a suspensão da cooperação com a AIEA em meio a um conflito que já conta com uma dúzia de dias de intensos combates envolvendo ataques a instalações nucleares do Irão.
Para que a decisão do parlamento entre em vigor, é necessária a validação do Conselho de Curadores do Irão. Em junho, a AIEA já tinha tomado uma posição denunciando a falta de cooperação de Teerão, levantando preocupações sobre a possível evolução do seu programa nuclear em armas.
Os ataques aéreos de Israel em junho e os bombardeamentos dos Estados Unidos a diversas instalações nucleares, incluindo o complexo de Fordow, levaram o Irão a retaliar, atacando a base militar de Al-Udeid no Qatar. Esta escalada de violência levanta questões sobre os danos causados e a resiliência das infraestruturas nucleares iranianas.
O diretor da AIEA afirmou que, apesar de haver fissuras visíveis na central de Fordow, não há condições para avaliar a extensão dos danos. Em Isfahan, algumas estruturas relacionadas ao armazenamento de material enriquecido também foram atingidas, embora não tenham sido divulgados mais detalhes sobre esses danos.
Israel reconheceu a dificuldade em avaliar os impactos a longo prazo dos ataques americanos, enquanto Trump reafirmou a necessidade da destruição completa do programa nuclear do Irão, alegando que os ataques anteriores já tinham atrasado substancialmente o avanço desse programa.