Expectativas de aumento dos preços do petróleo entre 80 e 100 dólares

As previsões indicam que os preços do petróleo deverão variar entre os 80 e os 100 dólares por barril nas próximas semanas, com uma possível subida acentuada em função da evolução do conflito no Médio Oriente, de acordo com especialistas consultados pela Lusa.

Um dos fatores de risco mais significativo a curto prazo é um possível bloqueio no Estreito de Ormuz, uma passagem crucial onde cerca de 20% do petróleo mundial transita.

Paulo Monteiro Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, sublinha que o mercado se mantém relativamente contido até agora, mesmo após eventos como ataques a instalações nucleares no Irão. "Apesar da intervenção dos EUA, o preço do Brent - referência global - estabilizou nos 78 dólares, revelando uma confiança dos investidores em que a situação se resolverá rapidamente", disse.

No entanto, alertou que um bloqueio formal no Estreito de Ormuz traria "consequências drásticas para o equilíbrio do mercado energético global". O economista também destacou que o preço do Brent aumentou de 64 dólares logo no início de junho para os atuais 78 dólares, uma tendência que já se reflete nos preços dos combustíveis em Portugal, onde o gasóleo subiu cerca de oito cêntimos por litro.

Filipe Garcia, economista da IMF - Informação de Mercados Financeiros, ressaltou que, apesar do significativo aumento do preço do crude nas últimas semanas, o mercado reagiu de forma cautelosa. "O encerramento do Estreito de Ormuz não é o cenário mais provável, uma vez que seria prejudicial para o Irão e outros países do Golfo, que dependem dessa receita", afirmou.

Vítor Madeira, analista da XTB, adverte sobre os riscos de um bloqueio no Estreito: "Isso poderia fazer o preço do Brent disparar até 25% nos primeiros dias e, caso a situação se prolongue, o barril poderia valorizar mais de 50%." No entanto, sublinhou que um agravamento da situação não é uma inevitabilidade e que uma intervenção militar bem-sucedida poderia abrir espaço para soluções diplomáticas.

Gregor Hirt, diretor de investimentos globais da Allianz Global Investors, indicou que o futuro dependerá da capacidade dos grandes produtores, como a Arábia Saudita, em estabilizar a oferta, acrescentando que uma coordenação na libertação de reservas estratégicas poderá ajudar a mitigar impactos imediatos.

Os analistas concordam que, caso a situação geopolítica se estabilize, o mercado voltará a ser influenciado por fatores fundamentais de oferta e procura, desacelerando a especulação, que atualmente é predominante.