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Extrema-direita excluída do RASI devido à operação 'Desarme 3D'

Observatórios de segurança defendem a exclusão da extrema-direita no Relatório Anual de Segurança Interna, citando investigações em curso e a operação contra uma milícia armada.

há 4 horas
Extrema-direita excluída do RASI devido à operação 'Desarme 3D'

Os dois principais observatórios de segurança em Portugal emitiram declarações que justificam a ausência da extrema-direita no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2024, destacando a relevância da operação policial 'Desarme 3D' contra uma milícia armada.

Francisco Rodrigues, presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), sublinhou que a omissão de um capítulo sobre extremismos é "compreensível", uma vez que "existiam investigações em curso". Na versão preliminar do RASI, à qual a Lusa teve acesso, não se encontra qualquer organização de extrema-direita classificada como terrorista em Portugal, ainda que se tenha identificado um ramo de uma organização extremista internacional reconhecida como tal em outros países.

Apesar de não revelar a identidade da organização, o RASI preliminar referia a presença desse ramo em Portugal, o qual já sofreu sanções financeiras por vínculos ao financiamento do terrorismo. Rodrigues argumentou ainda que é importante evitar divulgar informações que poderiam interferir nas investigações em andamento.

No dia 17 de outubro, a Polícia Judiciária anunciou o desmantelamento da milícia armada de extrema-direita, uma ação sem precedentes em Portugal que resultou na apreensão de numerosas munições, armas militares e explosivos. Manuela Santos, diretora da Unidade Nacional de Contra-Terrorismo (UNCT), destacou a surpreendente qualidade e variedade do material apreendido durante a operação 'Desarme 3D', que levou à detenção de seis membros do Movimento Armilar Lusitano (MAL).

Santos enfatizou que os detidos estavam envolvidos em ações de recrutamento e militarização, e que novas linhas de investigação estão agora a ser exploradas. Entre os seis arrestados, encontrava-se um chefe da Polícia de Segurança Pública (PSP) e outros com ligações a grupos de segurança privada.

Luís Fernandes, presidente do Observatório de Segurança Interna (OSI), pressionou a necessidade de não incluir informações sobre extremismos para proteger as investigações. "Era imperativo não chamar a atenção para ações legais em curso", afirmou, apontando que tal divulgação poderia levar infratores a interromperem as suas atividades clandestinas.

O RASI de 2024 será discutido durante a sessão plenária do Parlamento, onde se espera um confronto de ideias sobre a segurança nacional.

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