Falta de Compromissos Ambientais na Nova Regulação da IA Europeia
Francisco Ferreira, da associação Zero, critica a regulação da IA na UE por não incluir obrigações ambientais essenciais, como a eficiência energética e avaliação do ciclo de vida.

Lisboa, 24 de junho de 2025 (Lusa) – Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Zero, manifestou preocupações sobre a regulação da Inteligência Artificial (IA) na União Europeia, sublinhando que a legislação apresenta falhas significativas nas obrigações ambientais. O responsável enfatizou que faltam metas claras para a eficiência energética, limites rigorosos de consumo e uma adequada avaliação do ciclo de vida dos produtos de IA.
Em declarações à agência Lusa, Ferreira afirmou: "O AI Act prioriza a transparência, a segurança e a proteção dos direitos fundamentais, mas não aborda de forma suficiente as questões ambientais." Ele alertou para o fato de que muitos centros de dados não estão submetidos a qualquer tipo de monitorização ambiental relacionada com o AI Act. O dirigente também comentou que há um desmantelamento de mecanismos europeus, como a Diretiva de Reporte de Sustentabilidade Corporativa, que já promoviam uma maior transparência em matérias ambientais.
O AI Act representa uma tentativa da UE de regular a IA de forma abrangente, com a intenção de assegurar que a tecnologia seja utilizada de maneira ética e segura, minimizando os riscos associados ao seu uso. Em contrapartida, a Diretiva de Reporte de Sustentabilidade Corporativa visa aprimorar o reporte de sustentabilidade, visando o potencial do Mercado Único Europeu para contribuir numa transição a um sistema económico e financeiro mais sustentável e inclusivo.
Além disso, Ferreira recordou que, em fevereiro, um grupo de várias associações não-governamentais ambientais uniu-se numa carta aberta onde foram delineadas cinco categorias de exigências para mitigar a pegada ambiental da IA. Entre essas exigências, a Zero defende a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, a necessidade de computação dentro de limites sustentáveis, o estabelecimento de cadeias de abastecimento responsáveis, a promoção da participação equitativa e uma maior transparência sobre as consequências sociais e ambientais das infraestruturas de IA.