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França critica ataque israelita a civis em Gaza e pede acesso à ajuda humanitária

O governo francês condenou os disparos do Exército israelita que resultaram em dezenas de mortos e feridos entre civis na Faixa de Gaza, exigindo um acesso incondicional à ajuda humanitária.

24/06/2025 23:35
França critica ataque israelita a civis em Gaza e pede acesso à ajuda humanitária

Hoje, França expressou a sua condenação em relação aos "disparos israelitas que incidentaram" sobre cidadãos palestinianos, resultando em várias dezenas de mortos e feridos, enquanto se encontravam em torno de um centro de distribuição de ajuda em Gaza.

A declaração foi feita pelo porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que reportou que, de acordo com a Defesa Civil da Faixa de Gaza, pelo menos 21 indivíduos perderam a vida e 150 ficaram feridos após o Exército israelita abrir fogo sobre "grupos de cidadãos que aguardavam por ajuda" humanitária na madrugada, em torno do cruzamento de Netzarim, no centro da região.

Além deste incidente, as autoridades locais também reportaram a morte de mais 25 civis no sul da Faixa de Gaza devido a ataques israelitas enquanto tentavam chegar a um centro humanitário próximo de Rafah.

Um porta-voz das Forças Armadas de Israel indicou à agência de notícias francesa AFP que as informações referentes aos feridos na área de Netzarim estão a ser investigadas.

O porta-voz do Ministério francês reiterou que "a ajuda humanitária não deve ser utilizada para objetivos políticos ou militares", apelando ao governo israelita para garantir um acesso imediato e sem restrições à assistência humanitária em Gaza. O comunicado também sublinhou o "total apoio" que França oferece às agências da ONU e seus parceiros que demonstram integridade e capacidade em fornecer ajuda conforme os princípios humanitários.

No início da semana, o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Friedrich Merz, sublinharam a necessidade de um cessar-fogo em Gaza, em alinhamento com o cessar-fogo promovido pelos Estados Unidos entre Israel e o Irão. "É essencial alcançar um cessar-fogo em Gaza e retomar a ajuda humanitária", declarou Macron durante uma visita a Oslo.

Por sua parte, Merz mencionou perante os deputados alemães em Berlim que "chegou o momento de conseguir um cessar-fogo em Gaza". O primeiro-ministro do Qatar revelou que Doha está a trabalhar para retomar as negociações com vista a um novo cessar-fogo na região.

Recorde-se que Israel declarou uma guerra em Gaza no dia 7 de outubro de 2023, com o objetivo de "erradicar" o Hamas, poucos dias após este ter perpetrado um ataque em território israelita que resultou em cerca de 1.200 mortos, a maioria civis, e 251 reféns.

A violência extinguiu pelo menos 56.000 vidas e deixou mais de 131.000 feridos, com milhares a falecerem devido a doenças, infeções e fome, conforme os números cesados pelas autoridades locais, validados pela ONU.

Depois da interrupção da ajuda humanitária a Gaza durante quase três meses a partir de 2 de março, alguns produtos estão finalmente a entrar no território em pequenas quantidades, distribuídos em áreas designadas como "seguros" pelas forças armadas israelitas, que ocorreram disparos sobre civis que tentam obter comida, causando múltiplas vítimas.

A ONU já declarou a Faixa de Gaza em crise humanitária severa, com mais de 2,1 milhões de pessoas a viverem numa "situação de fome catastrófica", alcançando o "mais alto número de vítimas" registado pela organização em estudos sobre segurança alimentar global.

No final de 2024, uma comissão especial da ONU acusou Israel de genocídio em Gaza e de utilizar a fome como arma de guerra - alegações que foram prontamente rejeitadas pelo governo israelita, embora sem argumentos substanciais.

A 18 de março, após um cessar-fogo de dois meses, Israel reassumiu a ofensiva em Gaza, ocupando vastas áreas do território. O governo ainda anunciou em maio um plano para "conquistar" Gaza, uma zona que ocupou entre 1967 e 2005.

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