"Gouveia e Melo alerta para a ameaça sobre o mar dos Açores"
O almirante Gouveia e Melo, durante a Feira do Livro de Aveiro, sublinhou que Portugal pode ser alvo de cobiça devido à sua posição estratégica no Atlântico, destacando a vulnerabilidade face a conflitos globais.

O almirante Gouveia e Melo, candidato à Presidência da República, esteve presente na Feira do Livro de Aveiro no último fim de semana. Questionado sobre os diversos conflitos que assolam o mundo, tentou inicialmente evitar o tema, mas acabou por dar algumas notas de alerta sobre a situação global.
Recentemente, os Estados Unidos intervieram no conflito entre Israel e o Irão, atacando instalações nucleares iranianas. Gouveia e Melo não comentou diretamente este ataque, mas expressou a sua preocupação relativamente à instabilidade na região, referindo-se ao tamanho diminuto de Israel e ao potencial catastrófico de um conflito nuclear.
O ex-chefe do Estado-Maior da Armada afirmou: “O estado de Israel é do tamanho do Alentejo, uma única ogiva nuclear mataria todas as pessoas. Retaliar não faz sentido, pois todos acabaríamos por morrer.” Neste contexto, deixou um aviso a Portugal, citando a presença de 12 aviões reabastecedores dos EUA na Base das Lajes, com a afirmação de que “não estamos livres de sermos cobiçados por algum estado que de repente se lembre de que o mar dos Açores não devia estar sob o domínio ou controlo dos portugueses”.
Gouveia e Melo sublinhou ainda que, face a uma nova ordem militar internacional, não acredita que existam alternativas sólidas sem as figuras de Trump, Xi Jinping e Putin, advertindo os portugueses a prepararem-se para enfrentar possíveis crises: “Quem acreditar que tudo ficará bem pode dormir descansado, mas acordará um dia com alguém a bater com um pontapé forte à porta.”
Foi já confirmado pelo Ministério da Defesa Nacional que a presença dos aviões foi solicitada no passado dia 18 de junho, caracterizando-se como um “procedimento habitual”. No entanto, a presença destes aparelhos surge num momento crítico, dias antes da escalada de fogo entre os EUA e o Irão.
Após o ataque norte-americano, o Irão respondeu ao lançar cerca de 40 mísseis contra Israel, acusando os EUA de comprometerem as oportunidades de uma solução diplomática. Em conferência de imprensa, o secretário da Defesa dos Estados Unidos manifestou que o país não deseja entrar em guerra com o Irão, mas que estará preparado para agir rapidamente se os seus interesses forem ameaçados.