Grávida recorre a cinco hospitais com dores e baby morre no parto
Uma mulher de 37 anos, após ser atendida em várias unidades de saúde por dores intensas, deu à luz no Hospital de Santa Maria, onde a bebé acabou por falecer pouco depois.

Uma mulher de 37 anos, identificada como E.C., viveu uma angustiante jornada por diversas unidades hospitalares nos distritos de Lisboa e Setúbal. Com quase 40 semanas de gestação e queixas de dores abdominais intensas, a grávida procurou ajuda em cinco hospitais diferentes ao longo de 13 dias.
A sua odisséia começou a 10 de junho, quando foi encaminhada pelo SNS24 para o Hospital de Setúbal. Após avaliação, os profissionais asseguraram que "estava tudo bem" e E.C. foi enviada de volta para a sua casa no Seixal. No entanto, a dor persistiu e, no dia 16, novamente se deslocou ao Hospital do Barreiro, onde foi submetida a uma cardiotocografia (CTG), um exame que monitora o bem-estar do bebé. Mais uma vez, foi informada de que tudo estava normal e foi mandada para casa.
Passados três dias, E.C. voltou ao Hospital Garcia de Orta em Almada, enfrentando a mesma rotina: um novo CTG e a afirmação de que estava tudo bem, não havendo, no entanto, possibilidade de internamento por falta de vagas.
Na tentativa de encontrar ajuda, E.C. contactou novamente o SNS24, que a redirecionou para o Hospital de Cascais. Contudo, não havia lugares disponíveis, e a mulher decidiu não regressar a casa, sendo posteriormente encaminhada para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
A E.C. deu entrada no Santa Maria a 21 de junho, onde foi proposta a indução do parto. No dia seguinte, tentaram o parto normal, mas, sem sucesso, optando por uma cesariana de emergência. A bebé nasceu com um peso de 4525 gramas, mas já apresentava batimentos cardíacos fracos. Apesar das manobras de reanimação, a recém-nascida não conseguiu sobreviver.
A Unidade Local de Saúde (ULS) Santa Maria esclareceu que as ecografias realizadas indicavam um crescimento fetal normal e que a CTG à entrada não apresentava anomalias. A decisão de induzir o parto foi fundamentada pelos antecedentes de partos vaginais de E.C., sendo que não tinham indícios para uma cesariana.
Durante o procedimento, foi descoberto um hematoma significativo no ligamento largo do útero, complicando a extração do feto. Segundo a ULS, embora a bebé tivesse sinais vitais ao nascer, não resistiu à crise de oxigenação que se verificou antes do parto.
Os resultados da autópsia ainda não estão disponíveis. A mulher pondera a possibilidade de apresentar uma queixa, dependendo do que os relatórios revelarem.