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"Infertilidade: Quebrar o Silêncio e Promover a Compreensão"

Junho destaca-se como o Mês de Consciencialização para a Infertilidade. Entrevistámos Joana Mesquita Guimarães, especialista no tema, para debater os desafios enfrentados por muitos casais em Portugal.

23/06/2025 08:45
"Infertilidade: Quebrar o Silêncio e Promover a Compreensão"

No mês de junho, celebramos o Mês de Consciencialização para a Infertilidade, uma questão que afeta numerosas famílias em Portugal e que, infelizmente, continua a ser abordada com silêncio e estigma.

Recentes estatísticas indicam que cerca de 500 mil casais portugueses enfrentam problemas de fertilidade, o que representa aproximadamente 15% da população. Apesar das avançadas técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA), muitos ainda escondem a sua luta devido à desinformação, especialmente em países de cultura latina como o nosso.

Para compreender melhor este cenário, o Lifestyle ao Minuto conversou com Joana Mesquita Guimarães, Médica Especialista em Ginecologia e Obstetrícia e Diretora Clínica da Procriar, no Porto. Ela afirma que a infertilidade não é apenas uma questão médica, mas uma experiência emocional intensa que requer empatia e suporte contínuo.

A infertilidade é definida como a incapacidade de conceber após 12 meses de relações sexuais desprotegidas. Para mulheres com mais de 35 anos, este prazo é encurtado para seis meses. Pode ter causas variadas, que vão desde fatores hormonais e anatómicos a questões de estilo de vida.

Quando falamos em infertilidade feminina, as razões incluem problemas ovulatórios como a síndrome dos ovários poliquísticos, alterações nas trompas de Falópio e a endometriose, entre outros. A fertilidade masculina, embora tipicamente mais resistente ao passar do tempo, também pode ser afetada por alterações na qualidade dos espermatozoides.

O estilo de vida e a idade são determinantes para a fertilidade. Em mulheres, a capacidade reprodutiva diminui significativamente após os 35 anos, consequência da diminuição na qualidade dos ovócitos. Fatores como tabagismo, consumo de álcool e stress impactam negativamente em ambos os géneros.

É importante realçar que, embora as causas genéticas de infertilidade não possam ser prevenidas, hábitos saudáveis como uma alimentação equilibrada e a prática de exercício físico podem reduzir o risco.

O diagnóstico é habitualmente feito após um ano de tentativas falhadas, envolvendo a análise detalhada da saúde reprodutiva de ambos os indivíduos. Na Procriar, esta fase é realizada com utmost cuidado e sensibilidade, garantindo que os pacientes se sintam acompanhados durante todo o processo.

Em Portugal, a infertilidade é uma questão crescente, exacerbada por fatores sociais como o adiamento da maternidade e a pressão do ritmo de vida. O país beneficia de um sistema de saúde que proporciona acesso a tratamentos de fertilidade a todos, independente da orientação sexual.

Estima-se que 1 em cada 7 casais tenha dificuldades em conceber, um número que reforça a urgência de aumentar a literacia em saúde reprodutiva e promover um diagnóstico precoce.

Atualmente, existem tratamentos de fertilidade com base científica sólida, como a fertilização in vitro e tratamentos de inseminação. Avanços significativos na criopreservação têm contribuído para taxas de sucesso mais elevadas. No entanto, é essencial que os casais não adiem a busca por ajuda, pois a intervenção precoce pode aumentar as possibilidades de sucesso.

A infertilidade pode provocar um impacto emocional profundo, afetando a dinâmica do casal e a sua comunicação. O suporte psicológico torna-se, assim, uma parte crítica do tratamento, ajudando os casais a navegar os desafios emocionais associados a esta experiência.

Ainda existe um estigma em relação à infertilidade, muitas vezes alimentado pela falta de informação e pela desvalorização das experiências pessoais. Para enfrentar isso, é vital criar um espaço de diálogo aberto, onde as pessoas se sintam seguras para compartilhar as suas histórias.

Destacar um mês de sensibilização para a infertilidade é crucial, pois permite visibilizar um tema que, embora doloroso, é vivido por tantos. É uma oportunidade de educar, quebrar preconceitos e informar, lembrando que ninguém está sozinho na sua luta pela parentalidade.

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