Isabel Stilwell explora a tragédia da Rainha Estefânia em novo romance
Na sua mais recente obra, 'Estefânia - A Rainha Virgem', Isabel Stilwell desvenda a complexa vida de Estefânia de Hohenzollern, casada com D. Pedro V, abordando temas como amor, dor e sublimação.

'Estefânia - A Rainha Virgem' é o mais recente trabalho da jornalista e autora Isabel Stilwell, onde se narra a vida de Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringe, uma jovem que se casou com o rei de Portugal, D. Pedro V.
A narrativa destaca a adaptação de Estefânia à rígida corte portuguesa, bem como as dificuldades que enfrentou na relação com Pedro, de quem se apaixonou intensamente. A obra retrata ainda a sua dor por não conseguir cumprir o papel esperado de uma rainha: a maternidade.
Estivemos à conversa com Isabel Stilwell, que partilhou detalhes sobre seu livro e um facto fascinante sobre a rainha: a possibilidade de ter morrido virgem.
Qual tem sido a recepção dos leitores a 'Estefânia'?
A recepção tem sido bastante positiva. Embora as pessoas estejam a guardar a leitura para as férias, as reações que recebi até agora são muito entusiásticas. A história é comovente e toca no amor entre Pedro e Estefânia, embora a trama seja bem mais complexa.
A história é trágica; ambos morreram jovens sem deixar descendência…
Sim, nas cartas da Rainha Vitória, fica evidente a sua angustia pela falta de um herdeiro. É um tema que gera forte impacto.
Estefânia realmente morreu virgem?
A questão da virgindade foi levantada por Ricardo Jorge em um artigo antigo. Embora a presença de um hímen tenha sido constatada, esse dado por si só não é conclusivo. As cartas de Estefânia revelam indícios de que ela desejava ser mãe, e isso contrasta com a sua condição.
Como era a relação de D. Pedro V com a sexualidade?
D. Pedro V foi sempre um homem bastante reservado, com uma postura puritana em relação às mulheres. Ele acreditava que a energia física deveria ser canalizada para o intelecto, o que o levou a submeter a sua libido ao trabalho.
Como isso afetou a relação com Estefânia?
A relação deles foi marcada por tensões. Estefânia acreditava que poderia mudar Pedro, porém com o tempo percebeu que isso não aconteceria. Contudo, o desejo dela de ser mãe permaneceu forte, refletindo-se nas suas cartas.
A pesquisa para o livro foi intensa; conversei com especialistas para entender melhor a questão da virgindade e a dinâmica do casal. Estefânia estava disposta a lutar pelo seu lugar e pelo seu casamento, mas claramente enfrentava desafios.
Há um tabu em discutir tais assuntos na época?
Sem dúvida, era um tabu absoluto. Questões sobre sexualidade e intimidade não eram discutidas abertamente, o que complicava a comunicação entre os casais.
Ao longo da pesquisa, encontrei uma abundância de cartas que ajudaram a moldar a narrativa, sempre tendo cuidado em equilibrar a ficção com os factos históricos. Este trabalho foi um passeio solitário, mas extremamente gratificante.
Agora que o livro foi lançado, Isabel sente-se animada em interagir com os leitores, mas a mente já começa a divagar sobre a próxima história que contará.