Mamdani, o jovem muçulmano que desafia o sistema em Nova Iorque

Zohran Mamdani, um jovem de 33 anos, tem sido o centro das atenções ao ganhar as primárias democratas para a presidência da Câmara de Nova Iorque. Se vencer nas eleições gerais, poderá ser o primeiro muçulmano e um progressista assumido a guiar a maior cidade dos Estados Unidos e a capital financeira do país.

Filho de imigrantes indianos, Mamdani nasceu no Uganda e passou parte da sua infância na África do Sul, antes de se fixar em Nova Iorque aos sete anos. É filho da cineasta Mira Nair, conhecida por filmes como 'Casamento à Indiana', e do académico Mahmood Mamdani.

Depois de concluir o ensino secundário na prestigiada Escola de Ciências do Bronx, Mamdani graduou-se em Estudos Africanos na Bowdoin College, no Maine. Durante a sua formação, lançou uma filial dos 'Estudantes pela Justiça na Palestina', o que consolidou o seu compromisso com a causa palestiniana, especialmente após a recente guerra em Gaza.

Essa defesa suscitou críticas ferozes, não apenas de conservadores que o acusam de antissemitismo, mas também de setores do seu próprio partido, uma vez que Nova Iorque possui uma significativa e influente comunidade judaica. Mamdani defende que é possível criticar Israel sem ser antissemita, uma mensagem que encontrou eco entre uma juventude mobilizada contra a guerra.

Quando se lançou na corrida no outono passado, Mamdani era um legislador pouco conhecido, mas rapidamente viu a sua popularidade crescer devido às suas propostas inovadoras e à sua presença nas redes sociais. A ascensão meteórica de Mamdani ficou evidente quando o veterano Andrew Cuomo, apressado em disparar anúncios de ataque contra ele, subestimou a força da sua campanha.

Mamdani distanciou-se das críticas pessoais, optando por sublinhar o seu estilo de vida simples e a sua proximidade com a população. Vive num modesto apartamento no bairro de Queens e usa transportes públicos ou bicicleta no seu dia a dia.

Auto-designando-se de "candidato democrata socialista", defende políticas como o congelamento de rendas, transporte público gratuito e creches universais. Embora alguns considerem as suas propostas irrealistas, críticos também se dirigiram a ele com ataques raciais, questionando a sua conexão com a comunidade negra da cidade.

Após a sua vitória nas primárias, a radicalização dos ataques contra Mamdani intensificou-se, incluindo ameaças de ódio, que a polícia já estava a investigar. Nas redes sociais, figuras da extrema-direita difamam-no como um jihadista, insinuando que será responsável por futuras catástrofes.

No contexto político de Nova Iorque, onde o vencedor das primárias democratas é frequentemente visto como o futuro autarca, resta saber se o Partido Democrata apoiará Mamdani ou se favorecerá um candidato como Eric Adams, que se lançará como independente representando uma facção do partido mais alinhada com as elites.

A eleição para a presidência da Câmara de Nova Iorque está marcada para 4 de novembro.