Oposição israelita apela a Trump para respeitar a soberania judicial de Israel
O líder da oposição em Israel, Yair Lapid, apela ao presidente dos EUA para não intervir no julgamento do primeiro-ministro Netanyahu, reafirmando a importância da independência judicial.

O líder da oposição israelita, Yair Lapid, fez um forte apelo hoje ao presidente norte-americano Donald Trump, exortando-o a "não interferir" nos assuntos internos do país, após o pedido de Trump para que o julgamento por corrupção do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu fosse cancelado.
Na sua publicação na rede social Truth, Trump descreveu o processo judicial que Netanyahu enfrenta, iniciado em maio de 2020, como uma "caça às bruxas" e pediu a sua anulação imediata, ou a concessão de um perdão ao que considera um "Grande Herói". O ex-presidente salientou a singularidade do caso, afirmando que é a primeira vez na história de Israel que um primeiro-ministro em exercício é alvo de tal julgamento, considerándolo politicamente motivado.
Em reação, Lapid, líder do partido de centro-direita Yesh Atid, sublinhou a relevância da independência dos tribunais israelitas, expressando gratidão a Trump, mas afirmando que "o presidente não deve interferir num processo judicial de um país independente".
Lapid não foi o único a criticar a intervenção de Trump. Simcha Rothman, aliado de Netanyahu do partido de extrema-direita Sionismo Religioso, também pediu que Trump se mantivesse à parte, reafirmando que “não é função do presidente dos Estados Unidos interferir nos processos judiciais do Estado de Israel". Rothman manifestou ainda preocupações sobre como a gestão de Netanyahu está a afetar a imagem do país no cenário internacional.
O advogado de Netanyahu anunciou que solicitou o adiamento das audiências do julgamento devido a "desenvolvimentos regionais e globais", entre os quais um recente conflito com o Irão e a situação em Gaza, pedindo ao tribunal que cancelasse as audiências nas próximas duas semanas, dado que o primeiro-ministro precisa de se concentrar em questões de segurança e diplomacia.
O ex-presidente Trump recebeu apoio adicional de outros aliados de Netanyahu, como o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, que criticou o julgamento por considerar que é movido por interesses políticos, e Gideon Saar, ministro dos Negócios Estrangeiros, que argumentou que a continuação do julgamento durante um período de guerra é "contrária ao sentido fundamental da justiça".
No caso, Netanyahu e a sua mulher, Sara, são acusados de terem aceitado bens de luxo no valor superior a 260.000 dólares, em troca de favores políticos. Além disso, é alegado que Netanyahu tentou negociar cobertura mediática favorável em dois meios de comunicação israelitas. O primeiro-ministro negou qualquer irregularidade.
O julgamento tem enfrentado múltiplos adiamentos desde o seu início, com Netanyahu a solicitar prazos adicionais devido a conflitos em Gaza e no Líbano.