Partido Socialista Francês Propõe Moção de Censura ao Executivo de Bayrou

O Partido Socialista (PS) da França anunciou hoje a sua intenção de apresentar uma moção de censura ao governo de François Bayrou. Esta decisão surge após o colapso das negociações em torno da reformulação do sistema de pensões para 2023.

O líder do grupo parlamentar do PS na Assembleia Nacional, Boris Vallaud, foi o responsável pelo anúncio e justificou a iniciativa com a recusa de Bayrou em submeter a reforma ao debate parlamentar. O ponto mais controverso da reforma é o aumento da idade mínima para a reforma, que passaria de 62 para 64 anos.

Vallaud enfatizou que a recusa em reabrir o debate fere o compromisso assumido por Bayrou no início do seu mandato, que anteriormente havia impedido a direita de apoiar uma moção semelhante proposta pela França Insubmissa (LFI), de Jean-Luc Mélenchon. “O respeito pela palavra dada é essencial em democracia”, afirmou o deputado socialista, criticando o primeiro-ministro por não cumprir suas promessas.

Em resposta, Bayrou argumentou que Vallaud desconsiderou a totalidade do compromisso acordado, que previa levar ao parlamento apenas as propostas que resultassem das conversas entre sindicatos e empregadores, mas sem comprometer o equilíbrio financeiro da reforma.

“O governo e eu continuaremos a primar pela responsabilidade moral para com as gerações futuras”, declarou Bayrou, que, após quatro meses de negociações infrutíferas, decidiu convocar os parceiros sociais para tentarem salvar os acordos parciais.

Embora as expectativas estejam baixas, Bayrou expressou otimismo sobre encontrar uma solução para o impasse, assegurando que qualquer proposta a ser submetida ao parlamento deverá garantir a sustentabilidade financeira do sistema de pensões.

Os sindicatos, que participaram nas conversações, acabaram por aceitar a alteração da idade mínima de reforma estabelecida na lei de 2023, uma medida que foi aprovada sem votação parlamentar, após meses de intensos protestos. No entanto, a aceitação veio com exigências de contrapartidas que o patronato ainda não aceitou na sua totalidade.

A principal divergência reside na questão dos empregos com características exigentes, como levantar cargas ou realizar tarefas repetitivas, onde os sindicatos defendem que devem ter a possibilidade de aposentadoria antecipada.