Cultura

"Pepetela Apela à Autonomia do Pensamento Africano"

O autor angolano Pepetela lançou o seu novo romance "Tudo-Está-Ligado" em Luanda, incentivando africanos a refletirem sobre as suas próprias realidades e a não dependerem de conselhos externos.

25/06/2025 22:50
"Pepetela Apela à Autonomia do Pensamento Africano"

No lançamento do seu mais recente romance, intitulado 'Tudo-Está-Ligado', o escritor angolano Pepetela fez um forte apelo à autovalorização dos africanos. Em Luanda, o autor enfatizou a importância de pensar de forma independente, não apenas para os angolanos, mas para todos os africanos.

"É fundamental que comecemos a pensar e a agir pela nossa própria vontade", afirmou aos jornalistas. Pepetela sublinhou que muitos africanos ainda se sentem inclinados a buscar orientação fora, um hábito que é necessário superar. "Já não vivemos em tempos de imposições externas; é tempo de refletir sobre as nossas próprias realidades", acrescentou.

Durante o evento, o autor explicou que o título do livro representa uma reflexão sobre a ligação entre lugares e memórias. "Tudo-Está-Ligado" transcende a narrativa e funciona também como uma interpretação do nosso presente. A obra revela a viagem do protagonista, o major Santiago, que, após um acidente, regressa à sua casa em Benguela, onde reencontra memórias e tradições que o conectam ao seu passado.

Pepetela compartilhou que a escolha do título foi resultado de um intenso processo criativo, inicialmente pensado como "Santiago", mas que evoluiu para refletir as interconexões das personagens. Apesar de algumas resistências dos editores portugueses e brasileiros em relação aos hífens do título, ele decidiu mantê-los, dado o seu significado essencial.

A cidade de Benguela, que marca a sua infância, é o cenário central da trama, simbolizando a intimidade do autor com a sua terra natal. Pepetela, conhecido como Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, destacou a relevância da História e Sociologia em sua obra, enfatizando que compreender o passado é vital para entender a sociedade atual.

A obra foi lançada em três versões distintas, adaptadas ao Acordo Ortográfico. "Mas esta edição angolana é a verdadeira expressão do meu trabalho", declarou ele.

Sobre o seu legado, Pepetela afirmou de forma objetiva: "Os livros". Considerado um dos maiores nomes da literatura angolana, o autor tem uma rica trajetória que inclui a luta pela independência e um papel no governo pós-colonial. Com uma produção literária que data dos anos 70, a sua escrita reflete temas de identidade e história de Angola.

Pepetela foi laureado com vários prémios literários, incluindo o Prémio Camões em 1997 e o Prémio Especial dos Críticos de São Paulo em 1993.

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