País

Risco de incêndios em áreas protegidas aumenta drasticamente nas últimas duas décadas

Um estudo revela que o aumento das áreas protegidas, em conformidade com regulamentos internacionais, intensificou significativamente o risco de incêndios na Europa e Austrália.

há 4 horas
Risco de incêndios em áreas protegidas aumenta drasticamente nas últimas duas décadas

Um novo estudo realizado pela Universidade de Lérida, Espanha, com a colaboração de Paulo Fernandes, investigador do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) da Universidade de Trás-os-Montes (UTAD), em Vila Real, concluiu que o alargamento das áreas protegidas sextuplicou o risco de exposição da população a incêndios florestais severos nos últimos 20 anos.

Os resultados do estudo revelam que, embora o aumento de áreas com proteção estrita tenha o intuito de promover a biodiversidade, esta política pode ter consequências adversas em termos de incêndios. “A expansão de zonas florestais rigorosamente protegidas, onde as intervenções humanas são muito limitadas, pode resultar em consequências dramáticas no comportamento dos fogos, especialmente quando aliada ao abandono rural que temos observado”, afirmou Paulo Fernandes em comunicado.

A investigação analisou 76.621 incêndios, dos quais 16% ocorreram em áreas protegidas, em regiões como o sudoeste da Europa, Califórnia, Chile e sudeste da Austrália. O total de área ardida atingiu 14.791.054 hectares e focou em incêndios que consumiram mais de 500 hectares.

Segundo os dados, em 20 anos, as áreas protegidas aumentaram 17%, mas a área ardida dentro destas zonas cresceu em média 42%. No sudoeste da Europa, as zonas protegidas passaram de 21% para 38% da cobertura florestal, com os incêndios a fazerem aumentar a área ardida de 13% para 55% do total.

Um dos responsáveis pelo estudo, Víctor Resco, destacou que "se as áreas protegidas ocupam 38% da área florestal, deveriam representar 38% do total de área ardida, mas acumulam 55%, o que é alarmante".

Além disso, os impactos dos incêndios na vegetação demonstraram ser cerca de 20% mais severos em áreas protegidas, e os residentes nas proximidades dessas zonas enfrentam um risco até 16 vezes superior de exposição a incêndios. Especificamente, no sudoeste da Europa, quem vive nas imediações de áreas protegidas está nove vezes mais exposto ao fogo.

A pesquisa foi publicada no Journal of Environmental Management e chama a atenção para a necessidade de integrar estratégias de prevenção de incêndios nos programas de conservação.

#IncendiosFlorestais #AreasProtegidas #RiscoAmbiental