Ursula von der Leyen alerta EUA para possível rutura nas negociações sobre tarifas
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, indicou que a UE está preparada para um eventual desacordo nas negociações com os EUA, enfatizando a defesa dos interesses europeus.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, fez um aviso aos Estados Unidos, afirmando que a União Europeia (UE) está a preparar-se para a possibilidade de não alcançar um "entendimento satisfatório" nas negociações sobre tarifas. Esta declaração ocorreu durante uma conferência de imprensa após um Conselho Europeu em Bruxelas, dedicado a temas de competitividade económica.
"Hoje, recebemos um novo documento dos Estados Unidos e estamos a analisá-lo neste momento", afirmou Von der Leyen. A sua mensagem foi clara: "Estamos prontos para negociar um acordo, mas também nos estamos a preparar para um cenário sem consenso".
Segundo a líder da Comissão, a UE estará sempre disposta a "defender os seus interesses", tendo várias opções disponíveis para as negociações com Washington, que se prolongam até 9 de julho. Fontes comunitárias informaram à Lusa que a UE continua a ambicionar um acordo com os EUA e não está disposta a adiar o prazo, o que levaria a conversas mais minuciosas.
A khóra principal das negociações está relacionada ao défice comercial dos EUA em relação à UE e ao desejo dos americanos de aumentar as exportações de automóveis para o mercado europeu. O presidente do Conselho Europeu, António Costa, também presente na conferência, disse: "Um acordo é sempre preferível a um conflito, e tarifários zero são melhores que tarifas".
Ele fez um apelo claro: "A incerteza é prejudicial para a nossa economia e precisamos de avançar rapidamente para proporcionar segurança aos investidores, trabalhadores e empresas". Costa também destacou a necessidade de fortalecer a posição da Europa a nível global, mencionando as próximas cimeiras com o Japão, a China e países da América Latina, Caraíbas e União Africana.
A tensão comercial entre Bruxelas e Washington decorre das ameaças de Donald Trump de impor tarifas de 25% sobre o aço, alumínio e automóveis europeus, bem como de tarifas recíprocas de 20% ao bloco comunitário, que foram suspensas durante 90 dias.
A suspensão acalmou os mercados, que haviam enfrentado grandes quedas, e foi bem recebida pela UE, que por sua vez suspendeu as tarifas de 25% a produtos norte-americanos durante o mesmo período. A Comissão Europeia tem adotado uma postura cautelosa na sua política comercial, que é apoiada por estados membros como Portugal.
Bruxelas pretende alcançar um acordo com Washington, tendo proposto tarifas zero nos bens industriais nas trocas comerciais entre os dois blocos. No entanto, atualmente, 379 mil milhões de euros em exportações da UE para os EUA, o que representa 70% do total, estão sujeitos a novas tarifas desde a posse da nova administração americana em janeiro, com uma taxa média de direitos aduaneiros mais elevada do que na década de 1930.