Utilização da Base das Lajes por EUA gera controvérsia em Portugal
A presença de aviões da Força Aérea norte-americana nos Açores antes de um ataque ao Irão levanta questões sobre a complicidade de Portugal na guerra.

Na sequência do pedido feito pelos Estados Unidos para a utilização da Base das Lajes, na ilha Terceira, nos Açores, partidos portugueses têm exigido esclarecimentos ao Governo. O Ministério da Defesa Nacional confirmou que os EUA solicitaram autorização, a 18 de junho, para que 12 aviões reabastecedores pudessem aterrar na referida base, um pedido que foi prontamente aceito pelo Executivo liderado por Luís Montenegro.
Os responsáveis do Ministério esclareceram que "este é um procedimento habitual" e que as aeronaves presentes nos Açores não se tratam de meios ofensivos, mas apenas de reabastecimento aéreo. Ressaltaram também que a utilização da Base das Lajes está sujeita a uma autorização do Estado português, sendo o estacionário dos aviões normalmente notificado com 72 horas de antecedência.
Entretanto, a presença destes aviões, que coincide com a ofensiva dos EUA sobre as instalações nucleares no Irão, gerou críticas imediatas. O candidato à liderança do PS, José Luís Carneiro, sublinhou a necessidade de compreender as implicações internacionais dessa movimentação. O deputado Francisco César, do PS Açores, questionou o Governo sobre a notificação da Autoridade norte-americana. O partido Livre também se mostrou crítico, pedindo uma oposição à intensificação da presença militar norte-americana em solo português.
Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, pediu a condenação do "plano de Trump e Netanyahu" para o Médio Oriente, advertindo que Portugal não deve permitir a utilização das suas bases para fins bélicos. Paulo Raimundo, do PCP, rejeitou que Portugal se torne cúmplice em guerras do passado, enquanto André Ventura, do Chega, reafirmou que o Irão não deve possuir armas nucleares, alertando para a necessidade de salvaguardar a segurança coletiva.
Relativamente à consulta sobre a situação das Lajes, a Defesa dos EUA apenas afirmou que acolhem aviões em trânsito conforme acordos com aliados. A Lusa questionou ainda sobre um possível aumento da atividade militar na base, mas não foram fornecidas novidades sobre o assunto.