Venâncio Mondlane critica incumprimento do acordo para a paz em Moçambique
O político Venâncio Mondlane afirma que os compromissos feitos para a pacificação do país após as eleições não estão a ser respeitados e continua disponível para diálogo.

O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane expressou hoje a sua insatisfação sobre a execução dos acordos estabelecidos com o Presidente moçambicano para a pacificação do país após as eleições. Em declarações feitas após ser ouvido na Procuradoria-Geral da República em Maputo, Mondlane afirmou: "Não é o que está a ser posto em prática." Ele destacou que nem as suas declarações, nem os posicionamentos ou a implementação dos acordos refletem o que foi discutido, mas reiterou a sua disposição para continuar o diálogo.
A crise social e a agitação que se seguiram às eleições, que resultaram na vitória de Daniel Chapo e da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), levaram a cerca de 400 mortes e a uma destruição significativa em todo o país. Mondlane e o chefe de Estado encontraram-se pela primeira vez a 23 de março e repetiram o encontro a 20 de maio, onde discutiram estratégias para a pacificação.
No dia 05 de maio, o Presidente assinou um acordo com todos os partidos, visando a revisão da lei eleitoral, da Constituição e dos poderes do chefe de Estado, entre outras reformas. Mondlane observou que, apesar de "as conversações" terem decorrido "muito bem", o comportamento do Presidente após as reuniões levanta questões: “É importante perceber o que está a acontecer com ele. Há uma estranheza nas suas ações.”
Ele sugeriu que talvez o Presidente esteja a enfrentar pressões dentro da Frelimo que obstaculizam a paz no país. Mondlane realçou que houve consenso sobre a libertação dos cerca de 3.000 jovens detidos em conexão com as manifestações, de modo a promover um "roteiro de reconciliação e paz."
Porém, critica a postura do Governo, salientando que o chefe de Estado publicamente rejeitou a proposta de amnistia para esses jovens por considerar que não havia base legal. Mondlane também frisou que o discurso violento e incendiário do chefe do Governo contraria os esforços de paz e um entendimento previamente alcançado em mesa de diálogo.