Irão preparado para reiniciar programa nuclear após escalada de tensões
A Agência de Energia Atómica do Irão declarou estar pronta para recomeçar o enriquecimento de urânio, após os recentes ataques aéreos de Israel às suas instalações nucleares.

A Agência de Energia Atómica do Irão confirmou, nesta terça-feira, a sua disposição para retomar o enriquecimento de urânio dentro do seu programa nuclear. Esta declaração surge 12 dias após o início dos ataques de Israel contra diversas instalações nucleares no Irão, num período onde um cessar-fogo temporário entre Teerão e Telavive está em vigor.
"O nosso programa nuclear não será interrompido e estamos prontos para reiniciar o enriquecimento", afirmaram fontes da agência, conforme relatado pela comunicação social iraniana.
Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), expressou a sua satisfação pelo cessar-fogo e apelou a uma colaboração mais estreita entre o Irão e a agência. Grossi comunicou que enviou uma proposta de reunião ao ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araqchi, na esperança de que isso possa ajudar a resolver a polémica em torno do programa nuclear.
Na madrugada de hoje, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Irão, informação que foi confirmada por ambos os lados, embora tenham surgido acusações mútuas de ataques com mísseis logo a seguir.
A escalada de violência na região começou em 13 de junho, com Israel a lançar uma ofensiva contra as instalações militares e nucleares iranianas, a qual foi rapidamente retaliada pelo Irão.
A tensão agravou-se com a participação dos Estados Unidos nos ataques, que recentemente bombardearam três instalações nucleares iranianas, resultando numa resposta do Irão contra a base norte-americana de Al-Udeid, no Qatar.
Os inspetores da AIEA têm monitorizado o programa nuclear iraniano há mais de 20 anos, mas ainda não conseguiram assegurar que as actividades são exclusivamente pacíficas, devido à falta de cooperação do Irão. No entanto, Grossi admitiu que não existem provas de que o Irão esteja a desenvolver armas nucleares.
Em paralelo, o Presidente iraniano contactou hoje líderes de países árabes, incluindo os Emirados Árabes Unidos, o Qatar e Omã, para transmitir uma mensagem de unidade e tranquilidade após os recentes ataques e reforçar a necessidade de cooperação entre os estados árabes frente às agressões israelitas.
Desde o início da ofensiva de Israel, as consequências têm sido devastadoras, com pelo menos 28 mortos e mais de 1.300 feridos em Israel, enquanto os ataques aéreos israelitas resultaram na morte de pelo menos 610 iranianos e mais de 4.700 feridos, com um número significativo ainda hospitalizado.