PCP pede esclarecimentos urgentes sobre operações na Base das Lajes

O Partido Comunista Português (PCP) fez um apelo ao Governo de Portugal exigindo um "esclarecimento rápido e urgente" sobre a utilização da Base Aérea das Lajes, localizada nos Açores, pelas forças armadas norte-americanas. O partido critica a possível utilização desta base na "escalada de agressão contra o Irão".

Num comunicado enviado à imprensa, os comunistas mencionam que a presença de mais de dez aviões reabastecedores da Força Aérea dos EUA na Lajes deve ser esclarecida, uma vez que essa localização é utilizada militarmente ao abrigo de um acordo de cooperação que até agora não teve os seus fundamentos completamente elucidativos.

"O PCP reprova a eventual utilização da Base das Lajes para atos de agressão ao Irão e manifesta preocupação acerca do envolvimento de Portugal nessa estratégia, considerando o alinhamento do Governo do PSD/CDS com os interesses imperialistas", pode ler-se no documento.

O partido observa que esta base 'serve como um verdadeiro porta-aviões' para as atividades bélicas americanas, como se pode ver em intervenções militares passadas, incluindo a Guerra do Golfo (1990), a invasão do Afeganistão (2001) e a invasão do Iraque (2003). O PCP reafirma, assim, a sua oposição à presença de bases militares estrangeiras em território português e à utilização do país para ataques a outras nações.

Paralelamente, o Partido Socialista (PS) também solicitou esclarecimentos ao Governo, reiterando a necessidade de informação sobre a movimentação de aeronaves. Francisco César, deputado do PS/Açores, questionou se o Governo tinha sido notificado pelas autoridades americanas sobre esta operação e se tencionava informar os principais partidos e a população.

César revelou que existem 18 aeronaves reabastecedoras no arquipélago, das quais 12 estão estacionadas na base. A presença constante destas aeronaves é conhecida entre os residentes locais.

Em resposta às perguntas sobre a situação, um porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA apenas indicou que o Comando Europeu acolhe aviões militares em regime transitório, em conformidade com acordos de acesso às bases e sobrevoo com aliados e parceiros, sem acrescentar mais informações.

A preocupação com a presença deste número elevado de aeronaves e as suas implicações no contexto do Médio Oriente continuam a gerar discussões, uma vez que a agência Lusa já tinha anteriormente perguntado sobre um possível aumento de atividades militares na Base das Lajes, recebendo a informação de que não havia alterações a reportar no momento.