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Trégua na Líbia em risco: Violência e instabilidade elevam tensões

A ONU alertou que a trégua na Líbia é instável, com a descoberta de valas comuns a intensificar as preocupações sobre violações de direitos humanos e a segurança da população.

24/06/2025 18:30
Trégua na Líbia em risco: Violência e instabilidade elevam tensões

A trégua recentemente estabelecida na Líbia, após intensos confrontos entre grupos armados na capital, Tripoli, encontra-se em uma situação de elevada vulnerabilidade. A ONU expressou preocupações alarmantes esta terça-feira, destacando a descoberta de valas comuns na área de Abu Salim, que evidenciam a gravidade da crise de segurança no país.

A chefe da Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (UNSMIL), Hanna Tetteh, informou ao Conselho de Segurança sobre as crescentes evidências de graves violações de direitos humanos, incluindo execuções extrajudiciais, tortura e desaparecimentos forçados, que se atribuem a unidades de segurança do Estado, como o Aparelho de Apoio à Estabilidade (SSA), ativo em Abu Salim.

Tetteh sublinhou que os restos de corpos não identificados e os vestígios de queimaduras encontrados em morgues na região são um testemunho da magnitude desses abusos e enfatizou a urgência de garantir acesso independente a todos os centros de detenção. Além das comissões líbias já formadas, ela pediu a implementação de mecanismos de investigação independentes para assegurar a verdade, justiça e responsabilização, destacando o receio da população liberiana em relação a um possível retomar dos confrontos armados.

O constante fluxo de armas em direção a Trípoli provocou o aumento da presença de armamento pesado em áreas densamente povoadas, o que representa uma ameaça significativa para a população civil. A inquietação é crescente com a possibilidade de que esta instabilidade atraia agentes de segurança do leste do país.

“Os conflitos em curso e os riscos que estes representam reforçam a necessidade urgente de proceder com a reforma do setor de segurança e a unificação das instituições militares e de segurança,” afirmou Tetteh. Ela apelou a todos os envolvidos para que evitem ações provocatórias que agravam a desconfiança e comprometem os esforços para manter a frágil trégua.

Hanna Tetteh revelou também que, em agosto, pretende apresentar um "roteiro pragmático e com um prazo definido" com vista a eleições gerais e a formação de instituições unificadas, alinhando-se assim aos anseios do povo líbio por mudanças significativas que encerrem os longos processos de transição.

Os confrontos em Tripoli tiveram início em maio, após a morte de Abdelghani "Gheniwa" el-Kikli, líder do SSA, cujos poderes começaram a ameaçar a posição do primeiro-ministro de Tripoli, Dbeibah.

A Líbia, rica em recursos petrolíferos, continua mergulhada no caos político e na violência desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, sendo governada por dois poderes rivais: um em Tripoli e outro no leste, sob o comando do marechal Khalifa Haftar.

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