"Atracção de Talento: Estrategia Portuguesa para Inovação no Setor Financeiro"
A presidente da Euronext Lisboa, Isabel Ucha, defende que atrair profissionais qualificados é essencial para desenvolver o sector financeiro em Portugal, especialmente através do novo regime fiscal.

No contexto de um evento em Londres dedicado ao Incentivo Fiscal à Investigação Científica e Inovação (IFICI+), Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisboa, sublinhou a importância de atrair especialistas estrangeiros para impulsionar a inovação e o crescimento no setor financeiro português. “Sem as pessoas certas, não conseguimos fazer empresas crescer ou trazer inovação ao país”, afirmou à Agência Lusa.
Ucha destacou que os profissionais qualificados são fundamentais para trazer capital para Portugal e fomentar o crescimento das empresas locais, o que também poderá resultar em um aumento das operações nos mercados de capitais, através de emissões de obrigações e outras iniciativas.
A economista enfatizou que o regime fiscal de atração de talento, a ser implementado em 2024, é bastante competitivo a nível europeu e representa uma oportunidade para Portugal se destacar, especialmente em relação ao Reino Unido, onde a carga fiscal sobre trabalhadores e não-residentes tem aumentado. “Este é um momento ideal para captar pessoas e empresas insatisfeitas com a situação atual”, afirmou.
Durante o evento, Carla Rodrigues Mãe, diretora da Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM), também acentuou a relevância de tais iniciativas internacionais para o desenvolvimento do mercado de capitais em Portugal. Ela recordou a sua participação em um evento similar em 2019, onde se discutiu o impacto do Brexit na atração de investimento para o país.
Rodrigues Mãe observou que a procura por investimento em Portugal está a aumentar, com muitos investidores a expressar o desejo de residir no país, motivados por factores como a instabilidade geopolítica. “Pretendemos que Portugal figue entre as opções preferenciais para empresas que queiram estabelecer-se na Europa”, frisou.
Pedro Rebelo de Sousa, sócio principal da SRS Legal, referiu que Portugal, antes em desvantagem em relação a países europeus mais centrais, está agora a atrair o interesse por ser uma localização geograficamente neutra. “Na Europa, não há um local mais neutro”, afirmou.
A SRS Legal planeia realizar sessões semelhantes em breve no Brasil e, em última instância, nos EUA e Canadá, com o intuito de promover o regime fiscal do IFICI+. Este regime permite que os profissionais qualificados paguem uma taxa de IRS de 20% sobre rendimentos de trabalho dependente e independente, e contempla isenções em rendimentos como mais-valias.
Para poder beneficiar do regime, os interessados devem pertencer a profissões reconhecidas e não ter tido residência fiscal em Portugal nos cinco anos que antecedem a inscrição.