Primeira ajuda médica da OMS chega a Gaza após três meses de bloqueio
A OMS anunciou a entrega de suprimentos médicos em Gaza pela primeira vez desde março, destacando a necessidade urgente de assistência humanitária no território.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que na quarta-feira realizou a primeira entrega de suprimentos médicos a Gaza desde 2 de março, data em que Israel implementou um bloqueio severo sobre a região palestiniana, cujas restrições foram ligeiramente atenuadas a partir de 19 de maio.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, partilhou na rede social X que foram enviados nove camiões carregados com itens médicos essenciais, incluindo 2.000 unidades de sangue e 1.500 de plasma. Segundo Tedros, “estes suprimentos são apenas uma gota no oceano”, enfatizando a urgente necessidade de ajuda humanitária em grande escala para salvar vidas.
Na mesma mensagem, o líder da OMS exortou um “envio imediato, sem obstáculos e sustentável de ajuda sanitária a Gaza por todos os meios possíveis”. Informou que os suprimentos já estão a ser distribuídos para hospitais prioritários, com o sangue e o plasma entregues no armazém frigorífico do complexo médico Nasser, prontos para serem distribuídos nas unidades que enfrentam carências severas.
Os suprimentos foram transportados para Gaza a partir do posto de passagem de Kerem Shalom, sem incidentes reportados, apesar dos riscos elevados ao longo da rota. Quatro camiões da OMS ainda se encontram em Kerem Shalom, enquanto outros estão em trânsito para o enclave.
Este novo capítulo na grave crise humanitária em Gaza ocorre numa altura em que a guerra entre Israel e o Hamas se arrasta há mais de 20 meses, após o ataque do grupo extremista palestiniano ao sul de Israel em outubro de 2023, que resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas e na captura de mais de 200 reféns.
Como resposta, Israel intensificou os ataques contra a Faixa de Gaza, resultando na morte de mais de 56 mil pessoas e na destruição quase total das infraestruturas da região. As condições de vida para mais de dois milhões de habitantes de Gaza são extremamente precárias, com um risco crescente de fome, devido às severas restrições impostas.
No final de maio, Israel aliviou parcialmente o bloqueio total, permitindo alguma ajuda apenas através da Fundação Humanitária de Gaza, uma organização controversa com financiamento obscuro, que é frequentemente criticada por sua falta de imparcialidade.
Tragicamente, a população palestiniana continua a ser alvo de violência, com relatos diários de mortes enquanto tentam aceder a assistência humanitária.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciou na terça-feira o uso de alimentos como arma em Gaza, classificando essa prática como um “crime de guerra” e instando as forças armadas israelitas a cessarem os disparos contra aqueles que buscam auxílio.