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Polícias e militares envolvidos em rede neonazi desmantelada

A unidade antiterrorismo da PJ desmantela um grupo neonazi com a participação de polícias e militares, suspeitos de tráfico de armas e planeamento de atentados.

há 5 horas
Polícias e militares envolvidos em rede neonazi desmantelada

O Movimento Armilar Lusitano (MAL), sob a liderança de um chefe da Polícia de Segurança Pública (PSP), foi identificado como um grupo neonazi que recrutava polícias, militares e indivíduos com experiência em armamento, conforme reportado pelo jornal Expresso, na sexta-feira, 27 de junho.

Segundo o semanário que cita detalhes de documentos judiciais, "pelo menos uma dezena de integrantes das forças de segurança e das Forças Armadas estavam ligados ao MAL", uma organização que foi desmantelada recentemente pela unidade antiterrorismo da Polícia Judiciária (PJ), resultando na prisão preventiva de alguns dos seus líderes.

Entre os membros identificados, destaca-se um agente da PSP com conhecimento em armamento e explosivos, um agente principal da PSP residente em Famalicão e um militar da Guarda Nacional Republicana (GNR) que, actualmente, está radicado na Polónia, onde se dedicava à compra e venda de armas e enviou vários pacotes suspeitos aos líderes do grupo.

Além destes, o Expresso menciona a participação de outros polícias e elementos das forças militares em conversas online do MAL, com um militar assumindo um papel de moderador num dos fóruns clandestinos. Um fuzileiro da Marinha terá também fornecido equipamento militar ao grupo.

Os investigadores detetaram ainda que o MAL poderia estar a fornecer armamento a outras organizações de extrema-direita em Portugal, com uma delas a efetuar compras frequentes de armas e munições ao grupo desmantelado. As comunicações sobre armamento eram realizadas utilizando expressões codificadas, como "azeitonas" para armamentos e "oliveiras" para munições.

Documentos em posse das autoridades revelam ainda a participação do MAL em protestos, incluindo os dos coletes amarelos e dos agricultores, e mencionam figuras públicas como o ex-primeiro-ministro António Costa e o atual candidato à Presidência da República, almirante Gouveia e Melo. Um ponto alarmante foi a menção de um potencial atentado contra o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a ser realizado por indivíduos de origem russa.

No início de junho, a Polícia Judiciária deteve seis suspeitos de envolvimento no MAL, tendo quatro deles ficado em prisão preventiva após audiência em tribunal. Quatro dos arguidos enfrentam acusações de crimes relacionados com grupos terroristas, com penas que podem variar entre 8 a 15 anos de prisão, além da detenção de armas proibidas.

No âmbito da operação Desarme 3D, foi confiscado um conjunto de material explosivo de diversas categorias, várias armas de fogo, incluindo peças produzidas por impressoras 3D, além de várias dezenas de munições e material informático.

Entre os detidos encontra-se o Chefe da PSP, um dos três fundadores do MAL, que foi criado em 2018, juntamente com um motorista de pesados e um agente de segurança da área privada.

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